¨Sinto muito, - disse Laila, impressionada por ver que a história de cada afegao é marcada por mortes, perdas e dor. E mesmo assim, percebe que as pessoas dao um jeito de sobreviver, de seguir em frente¨ ( pag. 348, 1 edicao Nova Fronteira)

Acabei de ler ¨A cidade do sol¨, de Khaled Hosseini, autor de ¨O caçador de pipas¨. Nossa, que tristeza... O livro é a versao feminina de ¨O caçador de pipas¨ e foi escrito a partir de depoimentos de mulheres tomados pelo autor ( naturalizado americano) durante uma viagem ao Afeganistao em 2003. É a história de duas mulheres que têm seus destinos cruzados quando se casam com o mesmo homem, um violento sapateiro. O ponto negativo é que a história do Afeganistao já nao tem a originalidade do primeiro livro quando foi lançado em 2004 nos EUA. Além disso, o excesso de drama, ainda que real, chega a cansar: em algumas vezes pensei porque estava sofrendo lendo aquilo. A parte boa é que em meio a saga de Laila e Mariam, o autor conta a história do Afeganistao desde a década de 70, antes da invasao dos soviéticos (79) até os dias de hoje. É impressionante ver a sucessao de guerras naquele país já maltratado pela natureza: seja a luta dos mujahedin contra os comunistas, com ajuda dos EUA, até chegarem ao poder em 93; o aparecimento do Taliban como a principal força opositora aos mujahedin, e a consequente tomada de Cabul pelo grupo que impos a versao mais radical do islamismo; depois a resistencia ao extremismo e os ataques americanos ao país que supostamente protegia a Osama Bin Laden; a queda do grupo radical en 2001 e o renascimento do país destituído da burqa. Em meio a isso tudo, claro que existe um bom e proibido romance para dar um fôlego ao leitor. Mas o melhor de tudo, é pensar que nada daquilo faz parte da sua realidade.